logo RCN
Coluna das Artes

Tarsila do Amaral: A Estrela do Modernismo

  • Autorretrato, 1923, Museu Nacional de Belas Artes -

Da redação - Elisa Silva -18/8/2022 - 22h20min.

Apesar de não ter participado da semana de arte moderna, Tarsila do Amaral é a pintora que sintetiza os ideais modernistas, produzindo uma arte com temática genuinamente brasileira. Seu desejo sempre foi pintar as coisas da sua terra, sendo que as lembranças da infância na fazenda inundaram suas telas, em especial nas fases Pau-Brasil e antropofágica.

Como toda mulher, Tarsila é uma artista cíclica e em vários momentos retoma fases passadas do seu trabalho. Sua carreira pode ser dividida nas seguintes fases: formação, Pau-Brasil, antropofágica e social.

A fase de formação é marcada por retratos e uma produção clássica e acadêmica, nada que pudesse anunciar a modernista que explodiria na fase Pau-Brasil, onde a temática brasileira inspirada na vida na fazenda fluiu naturalmente, com cores vibrantes. Cores que a artista denominou de "caipira", mas que na verdade são cores tarsilianas.

A condição abastada da pintora proporcionou-lhe dezenas de oportunidades de viagens e estudos no exterior. Após sua primeira viagem de estudos a Paris, ela se declara cubista. De fato, Tarcila conheceu as obras de Picasso, assim como teve contato não só com o cubismo, mas com o dadaísmo e o futurismo, as vanguardas que tomavam conta de Paris no início do século XX.

Tarsila do Amaral foi para Paris mais de uma vez para estudar, tendo três professores diferentes que oferecem a base técnica adotada pela artista. Da lição de André Lhote adveio a concisão da forma e a precisão da linha; Léger foi responsável por lhe ensinar a trabalhar com cores e Gleizes lhe ensinou a composição como estrutura integrada. Some-se a isso a temática brasileira, o resultado é o trabalho original produzido por Tarsila.

A fase antropofágica foi uma decorrência natural da evolução da fase Pau-Brasil e dos relacionamentos que tinha na época, em especial o namoro com Oswald de Andrade. A fase antropofágica foi mais produtiva do que seu casamento com o poeta, tanto que, no fim da sua carreira, Tarcila retoma a temática antropofágica. Foi neste período que a pintora fez uma exposição de grande sucesso em Paris.

Após a grande crise econômica que atingiu o mundo em 1929, Tarsila perdeu parte da sua fortuna, o que a obrigou a pintar retratos por encomenda para sobreviver, além disso ela começa a escrever sobre arte para jornais.

A nova condição econômica e uma viagem a União Soviética, modifica profundamente a trajetória artística da pintora. É desta época a sua fase social, onde o trabalhador passa a ser sua temática, como vemos em Operários (1933). Em 1932 Tarsila foi presa (presa política) por participar de reuniões de esquerda.

Tarsila do Amaral foi diretora da Pinacoteca do Estado de São Paulo e exerceu um importante papel na construção da arte brasileira. Em 1946, a artista retoma o clima onírico da fase Antropofágica e em 1950 resgata a temática nacional da fase Pau-Brasil. Fez exposições retrospectivas, ganhou prêmios e participou da XXXII Bienal de Veneza. Tarsila foi uma mulher plena e uma pintora completa, que dominava as cores e a técnica, um exemplo de artista, que mostrou ao mundo a riqueza cultural do Brasil.




O mar, o ar e as amizades Anterior

O mar, o ar e as amizades

Pedala, repórter Próximo

Pedala, repórter

Deixe seu comentário